Muhammad Ali está marcado para sempre na historia do boxe, não pelas suas 56 vitorias ou pelas suas 5 derrotas, mais pela sua personalidade, foi o primeiro lutador a realmente promover a suas lutas e fazer com o que o interesse das massas despertasse ainda mais para o esporte.
O romancista e poeta Ishmael Reed antecipou-se ao tempo e com as suas palavras já antecipava como o maior pugilista de todos os tempos seria visto hoje em dia com os seus recém 70 anos completados,. Escreveu Reed: “Ali nos seguirá lembrando a turbulenta década de Malcolm X, da Nação do Islã, do Vietnã, de Lyndon Johnson, do Black Power, de Robert Kennedy e de um longo etecetera. Ali representa os novos negros dos anos 70, descendentes dos novos negros dos anos 20: é elegante, sofisticado, inteligente, internacional e militante da causa negra". No ringue, nunca houve um lutador como ele, capaz de “flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha”.
Os mitos sempre escondem os erros cometidos durante a vida, Ali foi um homem que trilhou um caminho torto, não me cabe entrar em detalhes, a doença que deixou as suas mãos trêmulas e seu olhar perdido contribuíram para que as pessoas o visem como alguém que só usou as mãos para fazer o bem, mas quem somos nós para julgamos alguém que viveu em um tempo tão contraditório quanto ele.
Segundo as lendas Ali maltratou as mulheres com quem conviveu. Foi racista. Trocou a amizade com Malcolm X pelo radicalismo de Elijah Muhammad. Ao vencer George Foreman em 1974, no épico combate do Zaire, disse que “os Estados Unidos não têm futuro, Alá enviará um castigo divino aos Estados Unidos”. Depois, como costuma acontecer com muitos radicais, arrependeu-se de tudo, e chegou a lamentar a idolatria cega que o cercava.
Tudo isso em nada diminui o tamanho do mito e sua relevância histórica. Apenas o torna um pouco mais humano passível de erros e capaz de se arrepender por eles.
Será lembrado para sempre como o gênio dos socos, da esquiva e da autopromoção.
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